quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Labirintos


LABIRINTOS



Labirintos de Igreja
O labirinto mais antigo implantado no pavimento de um edifício religioso de que se tem conhecimento data do séc. IV d.C. e encontra-se na Argélia. É o ‘missing link’ entre o labirinto romano e o labirinto das catedrais - chamado "cristão medieval". Tem a forma do labirinto romano (quatro quadrantes), mas no centro, em lugar da mitológica luta entre Teseu e o Minotauro possui a inscrição ‘Sancta Ecclesia’, ela própria um labirinto que se pode ler a partir do centro em todas as direções, menos na diagonal.
Embora os investigadores não estejam todos de acordo acerca do primeiro labirinto construído em solo italiano, parece que este símbolo tenha migrado para Itália, país onde existe, depois de França, o maior número de labirintos de igreja. Entre os bonitos labirintos italianos o mais conhecido é talvez o labirinto mural da catedral de São Martinho, em Luca, que servia para ser percorrido pelos dedos e que contém a seguinte inscrição:
Eis aqui o labirinto de Creta
construído por Dédalo e do qual ninguém
pode escapar, uma vez aí entrando,
senão Teseu com a ajuda do fio de Ariadne.
No início do séc. XIII é construído o labirinto da catedral de Chartres, em França, e a partir dessa altura proliferou em cerca duas dezenas de edifícios religiosos franceses, existindo actualmente em cerca de uma dezena. A sua designação era chemin de Jérusalem e la Lieue, e o centro era conhecido como Ciel.
Se a sua função, durante a Idade Média, era ser percorrido de joelhos pelos fiéis como forma de substituir a peregrinação a Jerusalém, é um tema ainda controverso, sabe-se, com certeza, que nessa altura servia de palco a um jogo/dança ritual em que entravam os clérigos adstritos à catedral. As descrições da peregrinação é mais tardia, havendo informações do séc. XVII, onde se lê que era praticada durante a Páscoa.
Na Escandinávia, onde parece não existirem labirintos em pavimentos de igrejas, existem cerca de 30 exemplares desenhados e gravados em sinos, pilares, abóbadas, muros, cruzes, etc. Ainda não se tem a certeza quanto à sua datação, mas pensa-se que tenham sido feitos a partir do séc. XIII.

Perdendo grande parte do protagonismo inicial, devido aos vários acontecimentos religiosos e políticos havidos na Europa, o labirinto parece ter "adormecido" durante séculos (pelo menos a sua construção), para reaparecer no séc. XIX em quatro edifícios religios ingleses e numa igreja de Colônia, na Alemanha.
No século XX opera-se o grande renascimento pelo interesse da utilização do labirinto como caminho para o encontro de cada um consigo mesmo e com a divindade. Aparecem então labirintos em catedrais da África do Sul, na Alemanha, etc.
Esse movimento deve-se a Laura Artress, pastora da Grace Cathedral e psicoterapeuta norte-americana que fez construir na sua catedral uma réplica do labirinto de Chartres para ser percorrido pelos fiéis. A partir de então o labirinto torna-se um "utensílio espiritual" que serve de meio para tomadas de consciência em muitos dos movimentos e organizações da New Age, e há mesmo um design particular concebido por uma outra pastora americana no qual se realizam casamentos!
Quase se pode dizer que hoje todas as semanas (ou todos os dias), é construído, desenhado, ou percorrido um labirinto nos Estados Unidos, país em que está sedidada a Sociedade do Labirinto, e onde se realiza todos os anos o maior evento mudial relacionado com o tema.
Mas o labirinto não existe apenas em edifícios religiosos num contexto religioso cristão, pois na Índia e no Paquistão ele encontram-se gravado em pilares de templos e mesquitas...

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